PRA NÃO DIZER ADEUS
Nosso destemido Presidente
Ouvi certa vez Plínio Marcos - um de nossos maiores dramaturgos - dizer que, "quando tudo parece estar perdido, é porque tudo ainda está para ser salvo." Quando anunciamos na última edição d'O Berrante (agosto de 1995!) que havíamos chegado ao fim (The end!), nossa percepção estava correta. Os "opositores" mais afoitos se alegraram em comemorar, mas o que então acontecia não era a celebração de nosso fim ou de nossa percepção, mas o fim de uma era - não decretado por nós, que não temos poder para tanto, mas determinado pelo próprio correr da história.
Como toda celebração de fim de era, ela representa a passagem, a transformação, e o ingresso num novo tempo. E essa passagem nem sempre é tranqüila, pois toda transformação causa sobressaltos, incertezas e medos que alimentam conservadorismos e resistência às mudanças. Esses conflitos entre paixões e convicções profundas, de parte à parte, podem ser de conseqüências imprevisíveis, mas é isso que faz caminhar a humanidade. E assim viemos caminhando nos últimos tempos, 'dias sim, dias não, sobrevivendo sem um arranhão...' Vão-se os anéis, ficam os dedos! Foi o fim de uma época, mas não o fim da história - ah, esta nunca acabará! A história não tem donos, e ninguém pode ter a presenção de achar que pode ditá-la a seu bel prazer, bem como não há quem possa ser capaz de se julgar dono de seu patrimônio.
Como não somos positivistas, não acreditamos que a história seja feita de "ordem e progresso" mas, pelo contrário, a vemos como um contínuo jogo dialético de indas e vindas. Nós mesmos, quando anunciamos o "fim", dois anos atrás, tínhamos a intuição certa de nossa perenidade, mas sem a menor idéia do momento de ressurreição. À luz dos acontecimentos, muitas vezes nos tomamos de imenso ceticismo quanto à chegada dessa hora - nos perdoem. Seja como for, esse momento de renascer só poderia ocorrer dentro de uma Semana Euclidiana - mais uma em nossas vidas! esses sete dias de magia que nos devolve a simples alegria de estar vivo, e isso não é pouco, isso é tudo.
Pois mais uma vez sobrevem essa consciência profunda: ESTAMOS VIVOS!
Marcelo Lopes Presidente do CECEC
SONHOS DE UMA NOITE DE VERÃO
À noite, a temperatura em Rio Pardo despenca, mas enquanto isso os maratonistas se aquecem. Veteranos da semana se reúnem (no bar, é claro!) e relembram as velhas histórias de cinco, dez, quinze anos atrás. O ideal de união dos maratonistas nos enche o coração novamente, os sonhos tomam conta, como nos bons tempos.
Para quem vem à Semana Euclidiana pela primeira vez, é possível que essa compreensão fique um pouco difícil, mas, se esse é o seu caso, não se preocupe, muito rapidamente você estará sentindo os primeiros efeitos do virus euclidiano. E logo também compreenderá que ele não tem cura, graças a Deus!
De tempos em tempos, o 'espírito maratonístico' se torna mais encorpado, e os antigos projetos saem da gaveta. Um deles, talvez o mais ambicioso, é manter viva uma associação que reúna os maratonistas, principalmente. É uma idéia antiga, do início dos anos 80, quando foi criada a Associação dos Ex-Maratonistas. Em 1989 se tornou A Assoicação de Estudos Euclidianos, mas somente a partir de 1992 ela passou a ter uma presença mais efetiva, com a publicação do primeiro número d'O Berrante. E assim foi até 1995, abatida pelo desânimo decorrente da intensa campanha movida pelos 'donos' do euclidianismo na época, que sempre viram no nosso desejo de cooperação motivos para acreditar que fôssemos monstros horrendos - os "chupa-cabras" do movimento euclidiano!
Mas na noite de 10 de agosto, novamente na mesa de um bar, assinou-se nova ata de fundação com a mudança do nome para Centro de Estudos Culturais Euclides da Cunha (CECEC) - denominação que, acreditamos, representa a ampliação de nossos horizontes para a discussão não só da obra euclidiana, mas de todos os grandes temas relacionados a ela.
E assim nossos sonhos continuarão a ser aquecidos noite adentro (ou noite afora). (ML)
Como participar do CECEC
Se você está interessado em se filiar ao CECEC, entre em
contato com o seguinte endereço: Rua Antonio Abdo, 99, Vila das
Mercês, CEP 04164-060, São Paulo, SP. Ou mande um e-mail
(nos acesse pela internet em http://www.geocities.com/Athens/7269).
Os membros fundadores do CECEC são Marcelo Lopes (São Paulo),
Rachel Ap. Bueno da Silva (Campinas), Mario Eduardo B. Baldini (Botucatu)
e William G. Cardoso (Bauru).
COMEÇAR DE NOVO...
Podemos ver agora todo um futuro pela frente. Há algum tempo, isso era impossível. O presente engolia aspirações e matava qualquer possibilidade de um gesto ousado. Era o fim.
Insurrectos, agora ressurectos. A volta sempre reaviva as paixões; sonhos adolescentes na Herma, no Cristo, ou em qualquer mesa de bar. O futuro não esconde a nostalgia, e vamos cantar um cântico novo, sem esquecer o passado.
O Berrante está de volta, com novo fôlego, esperando colaborar com os dias que virão. Nocomeço, está sendo um tímido FLI (quatro páginas), puxado por poucos, mas pretende em breve contagiar todos os maratonistas, transformando-se num porta voz de nossos desejos.
Não se faz uma Semana Euclidiana sem integração. Todos nós temos alguma coisa a acrescentar, e agora que nos foi devolvida a vez e a voz, não devemos nos esconder à sombra do passado.
Vamos esquecer que existem grupinhos isolados e fazer uma SE de verdade, com 100, 150 maratonistas cantando a mesma canção. Isso não é impossível. Já aconteceu e pode acontecer novamente.
No fundo, toda essa união necessária é uma forma de exercer a nossa cidadania. Só aprendemos a lutar por um ideal quando estamos em grupo. A insensibilidade nunca foi virtude, e o "quero resolver sozinho" quase sempre acaba em fracasso.
O que vem por aí pode ser começado agora e, embora tudo isso possa parecer redundante, às vezes o óbvio precisa ser lembrado. Vamos juntos recomeçar
William Gonçales Cardoso
PELA INTERNET
O CECEC está na rede mundial
de computadores (ainda sob o nome de A Associação
de Estudos Euclidianos). Nosso endereço é http://www.geocities.com/Athens/7269.
A home page mostra a história da Semana Euclidiana,
a cidade de São José do Rio Pardo, uma biografia de
Euclides da Cunha e alguns textos significativos do autor. A página
está aberta a quaisquer contribuições de trabalhos
na área de estudos culturais.
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Da praia ao sertão
Três estudantes de jornalismo vieram da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para Rio Pardo com uma missão muito especial, além da tradicional fudega. Eduardo Burckhardt, Josette Goulart e Michelle Pires de Araujo pretende dedicar um número inteiro do jornal-laboratório Zero aos temas de Canudos e Euclides da Cunha, com destaque à Semana Euclidiana. Os três participaram da Área Universitária.
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Eduardo, Josette e Michelle: descobrindo o que é que a SE tem.
O Berrante: Como vocês ficaram sabendo da SE?
Eduardo: Nós estudamos os Sertões com um professor nosso, Nilson Lage. A gente fez uma reportagem sobre Os Sertões e ele nos indicou uma home page na Internet [a página d'A Associação, atual CECEC].
Josette: O nosso professor diz que Os Sertões é a melhor reportagem já feita no Brasil, a mais completa. Ele nunca foi à SE, ficou sabendo dela pela Internet.
OB: O que vocês acharam da home page?
Josette: Ela tem um estilo que não é didático, é bem coloquial, tem o que pedir em cada barzinho, fala do Cristo, da Herma...
OB: E a Semana, como tem sido?
Josette: Muito legal. A gente estava nervoso, porque íamos só nós três para um lugar que a gente nem sabia onde era, nem sabia se ia ter alojamento, se ia mesmo ter Semana Euclidiana... (sic). Mas adoramos a cidade, acho que deve ser um lugar muito bom para morar. As palestras são legais, mostram a visão de muitas pessoas sobre o tema.
Eduardo: Achei legal a ligação que eles fazem da obra de Euclides com os dias de hoje, relacionando, por exemplo, Canudos com os sem-terra.
Josette: Só estamos tristes porque não chamaram a gente para ir ao Cristo.
Michelle: Eu estava doente no sábado e não pude ir ao baile, mas no Cristo eu teria ido...
PS: O solidário corpo de redatores deste papelucho já providenciou o convite à galera catarinense para conhecer todas as fudegas possíveis e imagináveis da terra pardensis.
Fausto Salvadori Filho
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Making off
Enquanto ouço um dos redatores cantando The Doors, o outro contando piadas sem graça, e vejo o terceiro digitando o jornal, percebo a utilidade deste quarto redator que vos escreve: completar o espaço que sobrou.
Sem dúvida, essa é uma grande responsabilidade, afinal, são as últimas linhas do oitavo O Berrante, edição especial deste jornal que abalou as estruturas do euclidianismo fundamentalista, conquistando seu espaço "palmo a palmo, na precisão integral do termo", nas palavras de Euclides da Cunha sopradas pelo Fausto, o redator piadista e maior suspeito de ser o chupa-cabras da Semana Euclidiana. Cuidado, mulheres!
O Berrante nada mais é do que é. Renascido das cinzas após dois anos, o fênix da publicação euclidiana volta mais forte.
Estamos prontos para tornar os estudos euclidianos ainda mais emocionantes que completar esta página
Marco Aurélio G. Valério
O Berrante - órgão informativo do Centro
de Estudos Culturais Euclides da Cunha (CECEC). Diretores: Marcelo
Lopes (Presidente), Rachel Ap. Bueno da Silva, Mario Eduardo
Bianconi Baldini e William Gonçales Cardoso. Presidente
de Honra: Oswaldo Galloti. Redação: Rua Antonio
Abdo, 99, V. das Mercês, CEP 04164-060, São Paulo,
SP. Tel/Fax (011) 6946-5573. Endereço na Internet: http://www.geocities.com/Athens/7269.
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desde 15/01/98.
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