|
POR KATIA MATTOSO
De minha primeira leitura de "Os Sertões", feita há mais de 40 anos,
fica o que utilizei em meus livros, quando escrevi sobre a Bahia. Mas a
segunda, feita recentemente, foi a mais forte: não li com ouvidos de
historiadora, mas com os da literatura. Além disso, na primeira vez eu nem
conhecia a área da Bahia onde se passa o livro. Hoje conheço toda a
região. Minha preocupação atual não é mais conhecer, mas tentar
decifrar um pouco do que Euclides teria visto daquele sertão do qual ele
não teve propriamente uma vivência, a não ser numa situação particular, de
guerra. Hoje releio Euclides e "Os Sertões" em paralelo com as suas
cartas, que são um precioso material. E também estou interessada nas
relações -sobretudo nas diferenças- entre as visões dele e as de
Capistrano de Abreu.
Katia M. de Queiros Mattoso é professora de história
do Brasil na Universidade de Paris-Sorbonne (França) e autora de "Bahia,
Século 19" (Nova Fronteira) e "Ser Escravo no Brasil"
(Brasiliense).
Texto Anterior: Por
Eduardo Lourenço
Próximo Texto: Por
Nelson Pereira dos Santos
|