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POR JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
Meu pai, professor Jorge Borges Corrêa, a quem também festejo o
centenário dedicando a montagem de "Os Sertões", foi quem trouxe para casa
aquele bendengó (aerolito, trambolho em tapuio) encapado com um pano azul
claro. Fiquei beliscando sem ousar comer. Títulos das três partes...
tentando ler, parei no primeiro muro do Planalto Central e fui dizer pra
todo mundo que já tinha lido. Mas nunca mais em toda minha vida parei de
namorá-lo. Paixão à primeira vista. Posso dizer que o Oficina ganhou
sua longevidade de 41 anos graças às energias de Canudos, incorporada em
possessão por Euclides. Decidi, aos dez anos, estudar geologia na Escola
de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, para varar a muralha geológica. Neste
ano fiz os atores decorarem todas aquelas páginas e montar, para ver se o
que achava deslumbrante eu conseguiria pegar na mão com nunca felizmente
alcançado total entendimento. Oswald achava a melhor parte, "a descoberta
do avião, antes de Santos Dumont". Compreendi que para mim a leitura
deste livro foi sempre coletiva, e esteve sempre ligada a uma prática
teatral.
José Celso Martinez Corrêa é ator, diretor e
co-fundador da companhia teatral Oficina Uzyna Uzona. Realizou montagens
como "Roda Viva", "O Rei da Vela", "As Bacantes" e
"Ham-let".
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