São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002



POR JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA

Meu pai, professor Jorge Borges Corrêa, a quem também festejo o centenário dedicando a montagem de "Os Sertões", foi quem trouxe para casa aquele bendengó (aerolito, trambolho em tapuio) encapado com um pano azul claro. Fiquei beliscando sem ousar comer. Títulos das três partes... tentando ler, parei no primeiro muro do Planalto Central e fui dizer pra todo mundo que já tinha lido. Mas nunca mais em toda minha vida parei de namorá-lo.
Paixão à primeira vista. Posso dizer que o Oficina ganhou sua longevidade de 41 anos graças às energias de Canudos, incorporada em possessão por Euclides. Decidi, aos dez anos, estudar geologia na Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto, para varar a muralha geológica. Neste ano fiz os atores decorarem todas aquelas páginas e montar, para ver se o que achava deslumbrante eu conseguiria pegar na mão com nunca felizmente alcançado total entendimento. Oswald achava a melhor parte, "a descoberta do avião, antes de Santos Dumont".
Compreendi que para mim a leitura deste livro foi sempre coletiva, e esteve sempre ligada a uma prática teatral.


José Celso Martinez Corrêa é ator, diretor e co-fundador da companhia teatral Oficina Uzyna Uzona. Realizou montagens como "Roda Viva", "O Rei da Vela", "As Bacantes" e "Ham-let".


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